| Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 1095-1 | ||||
Resumo:A pele, um órgão vital, é uma barreira protetora entre os ambientes externo e interno. Rupturas na pele devido a vários problemas expõem o tecido subcutâneo, proporcionando umidade, condições nutritivas e temperatura adequadas para a colonização microbiana. As feridas crônicas permanecem em estágio inflamatório e não apresentam progressão devido a alguns motivos específicos, como a presença do biofilme, uma comunidade principalmente bacteriana e fúngica inserida em uma substância polimérica extracelular protetora autoproduzida, agrupada tridimensionalmente e envolto por uma matriz resistente aos principais fármacos empregados na conduta terapêutica. Essa, por sua vez, se concentra no desbridamento de tecidos, terapêutica com uso de antimicrobianos e gerenciamento do quadro infecção/inflamação observando o equilíbrio de umidade. A dificuldade de tratamento pode estar relacionada com o aparecimento de cepas resistentes presente na ferida, e com isso, faz se a avaliação do perfil de sensibilidade para determinar se uma cepa é sensível ou resistente a um determinado fármaco. Assim, avaliou-se o perfil de resistência ao fármaco Anfotericina B e Fluconazol em amostras de pacientes com feridas crônicas atendidos no ambulatório de feridas crônicas da Universidade Estadual do Centro-Oeste. Para tanto, realizaram-se três coletas, espaçadas em uma semana, dos dez pacientes que assinaram o TCLE (CAAE n° 33589020.5.0000.0106) totalizando 30 amostras clínicas. A secreção das feridas foi semeada em meio de cultura Ágar Sabouraud Dextrose. Os fungos isolados foram estudados de acordo com os métodos preconizados por Kurtzman&Fell (2011) para taxonomia e utilizou-se o método de diluição em caldo EUCAST (2020) para determinar a sensibilidade antifúngica, em 24 e 48 horas. Para a droga Anfotericina B a Concentração Inibitória Mínima (CIM) foi definida como a menor concentração de droga que reduz 90% de crescimento quando comparada ao controle positivo (crescimento livre de antifúngico). Para a droga Fluconazol a CIM foi definida como a menor concentração de droga que reduz 50%. Foram analisadas as 30 amostras clínicas sendo isoladas 09 cepas de leveduras, identificando-se 67% (n=6) cepas de Candida tropicalis e 33% (n=3) de Candida guillermondii. Das cepas identificadas, 33% (n=3) de C. guillermondii apresentaram uma variação para a CIM de 0,125 a 4 μg/mL para o fármaco Fluconazol e 0,03 a 0,5 μg/mL para o fármaco Anfotericina B em 24 horas. Todos os isolados de C.tropicalis, foram sensíveis para os fármacos Fluconazol e Anfotericina B em 24 horas, como CIM variando de 0,125 a 1 μg/mL para Fluconazol, e de 0,015 a 0,25 μg/mL para Anfotericina B, em 24 horas. Os valores CIM em 48 horas foram superiores aos de 24 horas, para ambas cepas. Conforme o protocolo utilizado não existe breakpoint definido até o presente momento para leitura de 24 horas. O biofilme, um dos principais responsáveis pela resistência aos antimicrobianos, impede a ação dos mesmos prejudicando a cicatrização das feridas. Portanto, é importante identificar por meio dos sinais clínicos da ferida, se há infecção e realizar os testes de sensibilidade aos fármacos disponíveis para o tratamento, auxiliando na conduta terapêutica e na cicatrização da ferida. Palavras-chave: Fungos , Resistência , Feridas Agência de fomento:Universidade Estadual do Centro-Oeste | |||||